© "Via sacra"  Bill Ross
 

Março - 2012

 

A Tua Palavra Ilumina os Meus Passos

 

Génesis

Por fim Jacob e Esaú Abraçam-se

Génesis, capítulo 33
   
Autora: Nicoletta Crosti
 

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O narrador retoma o fio da narrativa precisamente onde a tinha deixado antes da travessia de Jaboc. Recordamos que Jacob queria encontrar-se com o irmão para se reconciliar com ele mas tinha medo dele, especialmente por saber que estava a chegar com 400 homens.

vv. 1-2 Então distribuiu os filhos entre Lia, Raquel e as duas escravas... Astutamente Jacob coloca as pessoas que lhe são mais caras em fila, de forma a melhor as proteger.

v. 3 Ele passou-lhe à frente e prostrou-se por terra sete vezes… Jacob permanece fiel ao seu desejo de se mostrar “servo” do irmão que considera superior a si. Esta humildade, percebida como autêntica pelo irmão, desbloqueia a situação. O autor parece querer dizer que:

Sem humildade não pode haver reconciliação.

v. 4 Esaú correu-lhe ao encontro, abraçou-o, deitou-se-lhe ao pescoço, beijou-o e choraram. Permanece-se maravilhado perante esta miraculosa reconciliação expressa deste modo tão enfático. Nem Lucas na parábola do pai misericordioso emprega tantos verbos (Lc 15,20). Tudo aparece perdoado. Esaú não mais recorda o roubo da primogenitura e a sua raiva tornou-o num irmão afectuosíssimo. Com isto percebe-se que a história da salvação é uma história de “maravilhas” inesperadas, criadas por Deus através da disponibilidade de alguns “chamados”. Vejam-se os patriarcas, como se tornaram instrumentos de bênção.

v.5a Depois levantando os olhos e viu as mulheres e as crianças... Esaú vê o irmão rodeado de muita gente e pede explicações.

v.5b São os filhos com os quais Deus favoreceu o teu servo. Jacob não responde como responderíamos nós, dizendo: “são os meus filhos”. Mas num modo tipicamente hebraico referencia tudo a Deus que lhe concedeu a graça dos filhos. É de novo repetido o conceito de Jacob como servo do irmão.

vv. 6-7 Então aproximaram-se as escravas… e  prostraram-se… Na mesma linha de  Jacob todos os membros da família se mostraram deferentes, comportando-se como se estivessem diante de alguém que sentem ser superior a si.

vv. 8-9 O que é esta caravana toda?... Esaú pede uma explicação sobre a caravana encontrada atrás, que Jacob lhe tinha enviado como presente.  Inicia-se um despique entre os dois irmãos, um oferecendo os seus presentes e o outro que não os quer aceitar, porque não se sente necessitado deles.

v. 10 Mas Jacob disse: “Não, peço-te… aceita… o meu presente porque por isto pude ver o teu rosto como se visse o rosto de Deus… Para o autor, a reconciliação é vista como uma  teofania,  tudo é colocado numa nova ordem e para o narrador:

Numa reconciliação entre irmãos, o irmão ofendido que perdoa reflecte o rosto de Deus.

Será o que acontecerá na morte de Jesus na cruz (Lc 23,34).v.11 Aceita então a minha bênção … e insistiu tanto que ele aceitou. Jacob agora oferece um presente abundante que chama “bênção” e insiste para que seja aceite, ele próprio que tinha roubado a bênção do pai. A insistência para que Esaú aceite  o presente justifica-se como ratificação da reconciliação acontecida.

v. 12 Partamos e vamos, eu caminharei à tua frente… Esaú oferece-se  gentilmente para acompanhar o irmão.

vv. 13-14 O meu senhor sabe que as crianças são delicadas… Jacob acrescenta muitas desculpas para não ser acompanhado. Não se entende porquê. Não confia? Diz querer ir para sul, na mesma direcção do irmão, em direcção à montanha de Seir, a sul do Mar Morto, a zona de Esaú, mas não com ele.  v.15 Disse então Esaú: “Permite ao menos que te deixe alguma da gente que tenho ”… Resposta: “Mas porquê?... Gentilmente Esaú quer deixar-lhe uma escolta, mas Jacob recusa. Aqui o narrador mostra claramente que os dois irmãos se devem dividir, devem seguir caminhos diversos. Numa chave de interpretação popular parece que com esta separação dos dois irmãos se torne sancionada a separação de Israel de Edom e Arão, abaixo de Edom.

v. 17 Jacob partiu para Succot. Esta localidade encontra-se a norte do Jaboc. Provavelmente aqui, as lendas falariam de Jacob em Succot, termo que significa ‘cabanas de ramos ’. Por isso o autor recorda que aqui Jacob construiu cabanas para os rebanhos.

v. 18 E Jacob chegou em paz à cidade de Siquém… Jacob vindo do Nordeste entra finalmente na terra de Canaã e acampa fora da cidade de Siquém. 

v. 19 Depois comprou… aquela porção do campo onde tinha fixado a tenda.  Jacob parece querer tornar-se um pastor sedentário. Já Abraão tinha comprado um terreno para a sepultura de Sara, como primícia da posse da terra (Gn 23,17). Ora Jacob pacificamente toma posse de um outro território, Siquém, que se tornará um centro espiritual importante.

v.20 Aí ergueu um altar e o chamou de “El, o Deus de Israel”. Já Abraão (Gn 12,7; 13,18) e Isaac (Gn 26,25) tinham erigido um altar mas tinham-nos dedicado a Adonai que lhes tinha aparecido, aqui  Jacob dedica-o ao Deus El que lhe apareceu em Betel (= casa de El). O Deus El era o Deus dos Cananeus que as tradições de Jacob transformaram no Deus dos patriarcas. 

   

Tradução: Ana Luísa Teixeira

   

   

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